domingo, 11 de dezembro de 2011

Estagnação

Nunca tive um hamster, mas todos temos na cabeça a imagem de um andando naquela roda. E nesse momento, essa imagem tem sido frequente na minha vida, isso porque eu me sinto um hamster. Por mais que eu me esforce, que eu corra, que eu mude de alguma maneira, eu não saio do lugar. E eu tento sair daquela roda, mas sempre algo faz eu voltar pra ela. É muito angustiante. Muitas vezes espero o momento mágico em que a roda vai parar e todo esse tédio vai passar, mas e se isso não acontecer? Paciência. É fácil falar, no entanto, ninguém tem a fórmula pra alcançá-la. Sofrer também cansa.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Pedaços

Quantos pedaços?
Não é do bolo, é de mim! Em quantos pedaços você me deixará. Toda vez que volta, é uma parte a menos de mim que fica, você me leva junto e eu fico tentando entender o que os seus olhos querem me dizer, mas no fim, eles não me dizem nada, e aí aquele pedaço se esfarela e eu vou me desfazendo.

sábado, 19 de novembro de 2011

Das entranhas

Primeiro, fico pensando no que dizer, e nisso passam-se horas. Depois penso como falar: mensagem, sms, telefone? Porque falar ao vivo está fora de cogitação. Pra quê? Pra que a pessoa me olhe nos olhos e me arranque o que ainda resta de orgulho? Ou se de repente eu não aguentar toda aquela pressão emocional e começar a chorar? Ela não merece saber que ainda derramo lágrimas pelo desamor dela.
Decido a ferramenta que utilizarei. Todo o processo de escrita é como uma faca que me entra, um tapa que me dói, um amigo que me diz que estou louca. E tudo vem à tona, dor, ódio, mágoa, amor, saudade...meu Deus, quantos sentimentos!
E agora, o maldito "enter". Aperto ou não? Ela merece saber? Devo eu dizer? Ela tão insensível, tão fria...tão meiga, acolhedora...em cada palavra, um pouco de mim, do meu sentimento. Eu era dela, ela não quis. Será que...

domingo, 29 de maio de 2011

Inércia

O relógio e os passos apressados deixavam o ambiente mais inquietante.
As vozes distorcidas, celulares grudados nos ouvidos, tudo pouco humano.
Os rostos sérios, sem sorrisos, mas com muitas rugas e olheiras, marcas do tempo e do cansaço.
Olhares distantes, talvez relembrando o que nunca vai se realizar. Havia neles uma tristeza dessas que já nascem com as pessoas. A tristeza que vem do mundo pérfido em que vivemos.
Uma sensação era constante e parecia comum a todos: um grito sufocante queria escapar de toda aquela gente, invadindo todo o espaço, derrubando paredes, destruindo o que destruia as pessoas por dentro. No entanto, a rotina mantinha as pessoas no mesmo estado inerte.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Sem ar

Tá ali. Preso no meio da garganta, atravessado, sufocante e desagradável.
É uma massa consistente de angústia, raiva, impropérios, dor, confusão e cansaço. Está confortável, irritantemente confortável. Não se liberta nem se consome, mas consome a mim.
Respirar é difícil, sofrível. O ar tenta encontrar buraquinhos para sair, mas são pequenos, apertados, só fios de ar conseguem escapar. A respiração se torna ofegante e cansativa. É um momento de desespero.
É uma massa tão incômoda que sua composição se irradia por toda a parte, e toda ela toma meu corpo e minha alma...É mais que um nó na garganta, é toda uma amarração em que não se vê a ponta da corda. É um emaranhado, um labirinto fácil de se perder.

domingo, 13 de março de 2011

Medo do escuro

No escuro tudo pode acontecer. A imaginação se torna ainda mais criativa e vê no breu o pano de fundo perfeito para suas histórias.
Para alguns, o escuro é ótimo, libertador, cheio de possibilidades interessantes.
Pra mim, é assustador. Momento em que os monstros saem dos armários, que a imaginação começa a fantasiar cenas perturbadoras. É a falta de direção, de guia. Não há como saber em que eu estou pisando, o que há a minha frente. Talvez não seja nada, mas eu sempre acho que há algo,e isso vai me agarrar, me sufocar.
Não há saídas, ao menos não encontro nenhuma. Não gosto dessa falta de opção, dessa ausência de plano b.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Desastre silencioso para qualquer alma orgulhosa

Ele vem como uma faca, me abre,me expõe, deixa à mostra todos os sentimentos que eu tento com tanto sacrifício esconder.
Ele surge do nada, e por isso destrói. Nem me permiti guardar algumas coisas, ou fazer meu kit de primeiros socorros.
E o fim dele não é determinado. Podem ser cinco minutos ou uma noite inteira. Pode ser intenso, escandaloso, pode ser quieto, tímido. Não importa a forma, sempre é forte.
Não há postura que resista, não há sorriso que o reprima. Ele devasta qualquer orgulho.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Música

A criança e o pai estavam no quintal da casa. A criança, sentada no degrau que dava acesso à casa, olhava o pai tocando violão, quando de repente o violão saiu do colo do pai e começou a tocar sozinho.
A criança ficou admirada ao ver tudo aquilo e ficou ainda mais surpresa quando as cordas do violão se transformaram em braços e o violão a convidou para dançar com ele. A música era animada e a dança divertida. Eles riam muito. Vendo tudo aquilo, a cadeira, as flores e os vasos com plantas também se animaram e começaram a dançar. Fizeram ciranda, pularam, brincaram de estátua, aproveitaram ao máximo o momento.
O tempo passou rápido e assim anoiteceu, por isso, a criança, o violão, a cadeira, as flores e os vasos com plantas sentiram sono. A cadeira, as flores e os vasos com plantas foram para seus lugares habituais e ficaram quietinhos lá. O violão se silenciou e voltou para o colo do pai, e a criança disse ao pai que queria dormir.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Do outro lado da rua

Cecília estava esperando o ônibus no ponto. Estava distraída, olhando para a frente,pensando em tudo e em nada, quando o viu. Não se tratava de um belo rapaz, mas havia algo nele que havia chamado a atenção da garota, talvez fosse o estilo, a forma como ele ficava parado, lendo as notícias do jornal na banca. Ela só sabia que queria continuar a olhá-lo, pelo tempo que pudesse, para sempre ou enquanto não chegasse o ônibus.

Será que ele a olharia?Será que se ela fizesse algum barulho ele iria notá-la? Será que se ela fosse até a banca, ele falaria com ela?Será?Será?Será? Todos esses pensamentos ocupavam sua mente, freneticamente,um atropelando o outro, todos ao mesmo tempo a atormentando. De repente, ela sentiu seu coração batendo mais forte, sinal de que estava ficando cada vez mais ansiosa. Mas parecia tão idiota toda aquela sensação. Não fazia sentido querer a atenção de um desconhecido. Era um desejo que logo passaria, Cecília refletiu.

O ônibus chegou,ela entrou e assim se despediu do desconhecido desconhecido.