quarta-feira, 4 de abril de 2012

Inquietude

       Ela acordou num lugar sem luz, sem relógio, sem portas.
       Estava deitada no chão, que não era gelado ou quente, uma temperatura confortável e constante.
       Não era capaz de enxergar o que estava a sua volta. O silêncio era enlouquecedor.
       Ela estava muito assustada. Sentia que estava sozinha, mas não podia afirmar. Tinha medo de se levantar, de mover seu corpo, de falar. Tinha medo de respirar. Talvez cada respiração significasse menos oxigênio disponível.
       Só lhe restava dormir. Mas e se morresse dormindo e nem percebesse?
       Ficar de olhos abertos não era uma boa alternativa. Os olhos se cansavam de não conseguir captar uma luz naquele breu. A falta de lubrificação os fazia arderem.
       Só lhe restava dormir. Mas e se morresse dormindo e nem percebesse?
       Começou a inventar histórias para que aquele tempo infindável passasse. O tempo infindável a deixava em pânico. As histórias perdiam o sentido. Seus pensamentos eram tomados pela única idéia de que o tempo não passaria ou passaria sem que ela pudesse vivê-lo.
       Nisso, começou a pensar há quanto tempo já estava ali. E se ela morreu e não percebeu?

Nenhum comentário: